A empresa familiar é uma organização socialmente complexa e ao mesmo tempo é um elemento decisivo da estrutura econômica de uma sociedade moderna, no entanto, sua força e sua importância não a torna isenta dos problemas próprios de toda empresa e muito menos daqueles derivados da presença inerente da família.
Escolhi começar explorando nessa série o tema dos conflitos mais comuns em empresas familiares. O conflito não é, em si mesmo, algo negativo. Ele é, na verdade algo inevitável, faz parte da vida das organizações sociais e contribui para seu desenvolvimento e seu processo de evolução natural. Uma organização que pretenda evitar a qualquer custo todo tipo de conflitos tenderá a ocultá-los.
O que ocorre é que esses conflitos ocultos tendem a aumentar com o tempo, a se auto-alimentarem e, cedo ou tarde, acabam explodindo, provavelmente no momento menos oportuno.
Origem dos conflitos nas empresas familiares
Todo conflito origina-se da existência de expectativas diferentes por parte das pessoas ou grupos que compõem uma organização. As expectativas são a base de um conflito. Essas expectativas por sua vez têm origem nos processos de percepção dos indivíduos e grupos sociais. Sabemos muito bem que não agimos em função de nossa realidade, mas sim em função de como a percebemos.
Essas percepções diferentes devem-se às disparidades existentes nos modelos cognitivos das pessoas, as quais dependem tanto de fatores puramente pessoais e genéticos como da própria experiência acumulada ao longo de toda a vida, dentro e fora do contexto em questão. Os fatos vividos influenciam a mente do indivíduo, mas ele, por usa vez, transforma-os, através do filtro que supõe ser o seu novo modo específico de percebê-los.
Tipos mais comuns de conflitos nas empresas familiares
Os tipos mais comuns de conflitos nas empresas familiares são:
- Disputas de poder: questões ligadas ao exercício da liderança e e aos processos decisórios podem surgir entre os membros da família que trabalham na empresa.
- Questões de sucessão: pode haver desentendimentos sobre quem deve assumir a liderança da empresa quando o líder atual se aposentar ou falecer.
- Problemas de comunicação: a falta de comunicação eficaz entre os membros da família pode levar a mal-entendidos e desentendimentos. Outro fator comum que reflete na falta de entendimento é o não compartilhamento de visão de futuro e de eleição de prioridades diferentes.
- Problemas financeiros: questões financeiras, como a distribuição de lucros e heranças, podem ser fonte de desavenças.
- Diferenças de opinião sobre a gestão da empresa: os membros da família podem ter opiniões diferentes sobre como a empresa deve ser gerenciada, em temas sensíveis tais como o apetite para crescimento e tolerância a riscos, por exemplo, podem levar a desentendimentos.
- Conflito entre gerações: nascem da convivência no mesmo espaço de trabalho de diferentes faixas etárias, que aplicam filtros muito distintos sobre a leitura da realidade, gerando opiniões e ideias muito distantes sobre como conduzir o negócio. O fenômeno da longevidade amplifica esse efeito.
É importante ressaltar a necessidade de controlar os processos de conflitos, mantê-los em níveis razoáveis e providenciar mecanismos adequados e legítimos para enfrentá-los e resolvê-los. Ao compreender como eles são gerados nas organizações se torna possível antecipá-los e articular mecanismos de solução rápida quando ainda assim acontecerem.
Como dar o primeiro passo para uma boa gestão dos conflitos
Esses conflitos podem ser resolvidos através de uma boa comunicação, diálogo maduro e com boa vontade entre os atores, planejamento de sucessão eficaz e estabelecimento de regras claras e objetivas para a gestão da empresa. É importante ter uma estrutura de governança bem estabelecida, com uma estratégia de negócios clara e regras de tomada de decisão objetivas.
Você viveu ou testemunhou alguns desses conflitos na sua organização? Deixe seus comentários e se quiser saber mais sobre o tema é só me enviar mensagem.